Living

A ideia de fazer um "remake" de um filme como "ikiru", de Akira Kurosawa (1952) é desde logo arriscada. Afinal, "ikiru" é uma obra magnífica de um realizador magnífico, que ficará para sempre na história do cinema. A verdade é que Oliver Hermanus, que tinha realizado 3 filmes que praticamente passaram despercebidos, antes deste "living", consegue aqui o seu maior "feito", enquanto realizador, dirigindo este filme com muita classe e elegância, não inventando muito, e ainda bem, em relação à história original, transpondo com grande acerto a "ação" do Japão dos anos 50 para a realidade britânica da mesma época. Este "living" tem menos 40 minutos que o original "ikiru". Tal facto não se apresenta como negativo, Oliver Hermanus concentra-se no essencial da história e resolve "ignorar" as partes do filme de Kurosawa mais características da realidade Japonesa da época. Hermanus decidiu que ir por aí seria um caminho "perigoso" (a verdade é que este aspeto resulta quase sempre mal em "remakes" americanos baseados em filmes originários de outros países) e decidiu "apenas" transpor o essencial da história, o que me pareceu uma escolha sensata e acertada. Um brilhantismo especial neste filme para a excelente música, para o ator Bill Nighy (provavelmente a melhor "performance" da sua carreira) e para a atriz Aimee Lou Wood, cujas cenas com o ator principal se revelam muito interessantes, bem interpretadas e conseguidas. Um dos melhores filmes de 2022. 8/10.

Enviado por  António MDFC