Argentina Santos Melhores filmes por ator
Maria Argentina Pinto dos Santos ComIH, celebrizada como Argentina Santos (Mouraria, Lisboa, 1926) é uma fadista portuguesa, considerada uma das últimas divas do fado castiço. Originária do tradicional bairro da Mouraria, em Lisboa, onde se diz que também nasceu o fado, Argentina dos Santos é uma das mais notáveis cantoras do chamado fado castiço, o mais tradicional, destacando-se a sua interpretação do fado menor. Ao contrário da maioria dos fadistas da sua geração, Argentina Santos começou tarde a cantar, tendo até um percurso acidentado no meio do fado. Foi para o restaurante A Parreirinha de Alfama trabalhar como cozinheira e o fado surgiu como natural consequência, aos 24 anos. O seu estilo muito pessoal de cantar, forte e autêntico, logo prendeu as atenções dos críticos e do público, almejando-a como uma das maiores promessas musicais da época. No entanto, depois de casar, como o seu primeiro marido não gostava que ela cantasse, Argentina confinou-se à cozinha. Quando o marido morreu voltou a cantar e teve um impulso na sua carreira. Mas dois anos depois voltou a casar e a história repetiu-se. O segundo marido também viria a morrer e Argentina voltaria a cantar, iniciando uma fase que a levaria a ser conhecida internacionalmente. Atuou em países como o Brasil, Venezuela, Grécia, França, Holanda, Reino Unido e Itália. Em 1950 a fadista comprou A Parreirinha de Alfama, que permanece ainda como uma das mais típicas casas de fado de Lisboa e também uma das mais concorridas, além de ser ainda a que se mantém há mais tempo nas mesmas mãos. Por ali passaram nomes como Alfredo Marceneiro, Lucília do Carmo, Fernanda Maria, Berta Cardoso, Maria da Fé ou Celeste Rodrigues. Argentina Santos sempre se dividiu entre os seus dotes musicais e culinários. E ela própria faz questão de ir comprar todas as manhãs o peixe à praça, assegurando-se da qualidade dos pratos que ali são servidos. Tem um extenso repertório, todo construído para si, à exceção de A Lágrima (do repertório de Amália Rodrigues, com música de Carlos Gonçalves), e que tem na voz de Argentina dos Santos uma interpretação apreciada. Além deste, destacam-se, entre os seus êxitos, Duas santas (letra de Augusto Martins e música do Fado Franklin), Juras (letra de Alberto Rodrigues e música de Joaquim Campos) e Passeio Fadista (Alberto Rodrigues/José António Sabrosa). O primeiro disco de Argentina data de 1960, e conta com temas como Chafariz do Rei ou Quadras (de António Botto). Da sua discografia, salienta-se a coletânea, em dois CD, Argentina Santos, editada em 2003 pela Movieplay, e o disco Argentina Santos, gravado em 2002 pela Companhia Nacional de Música, onde revisita alguns temas da sua carreira, com o acompanhamento de José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Jorge Fernando (viola) e Filipe Larsen (viola baixo). Em 2004 foi prestada a Argentina dos Santos uma festa de homenagem no Coliseu de Lisboa e, em 2005, foi galardoada com o Prémio Amália Rodrigues de Consagração, da Fundação Amália Rodrigues. É patrona da Academia do Fado de Racanati, na Itália, que ela própria inaugurou. Entre as salas mais distintas onde cantou, encontram-se o Queen Elisabeth Hall, em Londres, La Cité de La Musique, em Paris, o Grande Auditório do CCB e o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e a Catedral de Marselha. Também em 2004 participou na compilação de homenagem a Amália Rodrigues A Tribute To Amália, com o tema Lágrima. Participou noutros projetos ligados ao Fado, como o espectáculo Cabelo Branco é Saudade, de Ricardo Pais. Em 2007 o realizador espanhol Carlos Saura imortalizou o fado Vida vivida na voz de Argentina, que o cantou no filme Fados, que juntou intérpretes como Carlos do Carmo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Mariza, Lila Downs ou Lura.